estresse

Memória Blindada Contra o Esquecimento

segunda-feira, novembro 08, 2010



Como é possível driblar os lapsos e sempre se recordar onde se esqueceu  o celular.


Por Ivonete Lucirio


Quando ligamos para o serviço de auxílio à lista em regiões como São Paulo, a atendente fornece o número solicitado e dá duas opções: desligar o aparelho e realizar você mesmo a ligação, ou deixar que o sistema a complete imediatamente. Quem pensou nesse serviço deve ser um grande conhecedor da mente humana.

 Se não estiver munida de papel e caneta, é provável que a informação se perca em poucos segundos e precise ligar novamente para pedí-la. E isso não é uma falha. Faz parte da memória.

 Uma parcela dos dados é guardada por um período curtíssimo, que pode durar desde o momento em que se ouve a informação até ela ir para o papel, não mais que isso. E é absolutamente normal, não tem nada a ver com idade.

Ufa, isso pode justificar porque sempre esquecemos onde colocamos a chave do carro. Imagine só lembrar tudo o tempo todo. Não teríamos espaço para tanta informação!

As mensagens e o cérebro
Para não sair arquivando tudo, o cérebro desenvolveu diferentes mecanismos de memória. As que se perdem com mais facilidade são aquelas informaçoes que nunca usamos  (você lembra do nome da sua primeira professora de matemática?). Veja como nossa memória funciona na prática e entenda melhor;

Imediata  
"Essa nos faz recordar um número que acabamos de ouvir e que, poucos minutos depois , será esquecido. É também chamado de memória de trabalho", explica o neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Ivan Okamoto, que também é coordenador do Instituto da Memória da Universidade de São Paulo (UNIFESP). É o registro do que aconteceu nos últimos minutos.

Curto prazo
Nos permite lembrar dos personagens do filme que vimos ontem ou o vestido que usamos na festa de sábado passado. São fatos recentes, das últimas horas.

Longo prazo
Pode durar meses ou até mesmo anos. É a lembrança de como foi o seu primeiro beijo, do nome da sua melhor amiga da escola, e está envolvida também no aprendizado de tarefas ou conhecimentos, como necessariamente significa que vai durar para toda a vida.

Ih, esquecí
Fala a verdade, não existe coisa mais desagradável do que tentarmos lembrar de algo e não conseguirmos. Não é fácil explicar por que, muitas vezes, nossa memóroia nos deixa na mão. Mas saiba que a idade não é a culpada, não. Quer dizer, desde que você seja saudável e não tome medicamentos que possam provocar alguns lapsos. "O que acontece com o passar dos anos é uma mudança na velocidade de processamento do cérebro como um todo"., diz Okamoto. São outros os fatores que podem provocar esquecimentos. Confira e fique atenta.

Estresse
Ele costuma ser bastante acusado de pelos "brancos", mas nem sempre é o culpado. "É importante destacar-mos que se não houver o mínimo de estresse, o cérebro é incapaz de registrar uma memória", alerta Okamoto. Imagine um gráfico formado por um U de ponta cabeça. A primeira perna do U é o estresse zero, quando nenhuma memória é fixada. À medida que o estresse vai amentando, sobe também a capacidade de fixação que , ao atingir o ponto máximo, começa a declinar. Por isso um pouco de pressão vai ajudá-la a ter os dados na cabeça para a reunião de trabalho. Mas, se for pressão demais, você esquece até o motivo da reunião. Por isso, nem 8 nem 80.

Gravidez
Durante esse período, a mulher tende a ficar mais esquecida. Um estudo realizado pela Universidade de New South Wales, na Austrália, afirma que isso acontece devido às mudanças hormonais  e à ansiedade do período. De acordo com a pesquisa, as gestantes esqueciam até dados já guardados na memória, como o número do telefone. Isto pode acontecer porque há uma produção excessiva de progesterona, que acabs deixando a mulher com dificuldade de se lembrar de alguns fatos e com raciocínio mais lento. A parte boa é que, algumas semanas depois de o bebê nascer, tudo volta ao normal.

Alimentação
"Embora ainda não exista uma comprovação definitiva, as pesquisas apontam que a carência de vitaminas do complexo B, principalmente B1 e B12, pode comprometer a memória", alerta a neuropsicóloga da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Susan Iaki, que completa; "Isso provoca disfunções no funcionamento das células nervosas responsáveis pelo arquivamento e resgate das informações".

 Para não correr esse risco, invista na vitamina B1 (carne vermelha, soja, arroz e grãos integrais) e B12 cuja carência também está associada à anemia, (fígado, carnes vermelhas, ovos, leite e peixes). E levante a mão quem nunca deu de cara com uma pessoa que vem toda esfusiante te cumprimentar e o nome dela simplesmente desaparece da sua cabeça?

 Isso é comume fácil de explicar; ela provávelmente não tem importância alguma para você (a realidade é essa querida). "Fica muito mais fácil guardar algum tipo de informação quando se tem uma motivação especial", explica Susan. É muito pouco provável esquecer o nome daquele gato que conheceu em uma festa, mesmo que o evento tenha ocorrido meses atrás, se estiver interessada nele, é claro!

Entendendo melhor
Alguns estudos sugerem que é preciso esquecer algumas coisas para que o cérebro dê espaço a outras mais importantes. De acordo com o neurologista e também professor da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas, em São Paulo, Mauro Oliveira, precisamos aprender a prioriza as informações mais relevantes, de modo que o próprio cérebro consiga diferenciar um dado importante de outros que não traria problemas se forem esquecidos.

 "Caso contrário, vai chegar uma hora que o seu "hard disk" ficará cheio e ele vai escolher o que apagar, junto disso, certamente irão coisas que não eram para ser jogadas fora", exemplifica o especialista. Outro fator relevante apontado pelo neurologista Gilberto Xavier, autor do capítulo sobre memória do livro Intersecções entre psicologia e neurociências (MedBook), é que quanto mais sentidos as situções envolvem, mais tornam-se marcantes."

 Comer um biscoito recheado depois de uma longa caminhada, por exemplo, pode ser uma experiência memorável", ressalta. Por quê? "Ela inclui componentes visuais (a imagem), táteis (sua consistência), gustativos (o sabor) e olfativos (o cheiro)" completaele. Você pode até não se lembrar a data exata em que isso ocorreu, mas há uma grande chance de que a experiência fique registrada por muitos anos.

 A parte visual é tão importante que se uma pessoa imaginar uma coisa com muitos detalhes, pode até achar que realmente aconteceu.Por isso, pode ser que seu namoradoacredite mesmo que tinha avisado você sobre o jogão no sábado.

 Ele visualizou com tantos detalhes a situação - provávelmente você já brigando por este mesmo motivo - que sua memória fixou isso como real. "Visualizações mentais particularmente vividas podem deixar traços indistinguíveis dos que seriam deixados pelo evento real, explica a neurologista Suzana Herculano-Houzel, em seu livro o cérebro nosso de cada dia (Vieira & Lent)

Relaxe
Lembrar e esquecer são processos naturais. Se você for saudável, remédios não vão ajudar. Muito menos entrar em pânico quando uma informação importante fugir de repente. Se ela realmente é essencial, está arquivada em algum lugar. Respire fundo e busque por ela. Outra sugestão é ter sempre papel e caneta por perto e post it é claro. Só não vale esquecer de consultá-los.

Para turbinar sua memória

1) - Conte histórias - Segundo o autor do livro Os sete pecados da memória (Rocco), Daniel Schacter, pensar e falar sobre experiências altera a capacidade de recordações posteriores. Quando não refletimos ou falamos  sobre algo que aconteceu, a tendência é esquecer o fato rápidamente, sabia?

2) - Durma bem - Que o sono é um santo remédio para o cérebro, isso já se sabia há muito tempo. Ele ajuda a fixar o aprendizado, e os sonhos servem para organizar o que aconteceu durante o dia.. Para completar, uma pesquisa realizada pela Universidade  do Estado do Michigan, nos Estados Unidos, mostrou que dormir bem ajuda a reduzir os erros de memória tanto em jovens que vão realizar uma prova quanto em idosos que precisam tomar seu remédio.

3) -  Coma gordura boa - No intestino elas são transformadas em uma substância chamada CEA, que segue para o cérebro e aumenta a sensação de saciedade. Um estudo realizado por  pesquisadores da Universidade de Califórnia , nos Estados Unidos, mostrou que a mesma substância também ajuda a fixar a memória. Mas na hora de seguir essa dica, não se esqueça da balança.

4)  - Tenha um passatempo intelectual - Pode ser um livro,sudoku, palavras cruzadas. Isso é importante até para contornar a mudança na velocidade de processamento do cérebro que acontece com a idade.

5)  -  Use técnicas de associação - Se precisar memorizar um número de telefone, por exemplo, pense em datas: os primeiros dois dígitos formam o dia do seu nascimento, os dois seguintes, do seu casamento e ssim por diante.

6)  - Separe os objetos por categoria - Coloque sempre os documentos importantes na primeira gaveta, as contas a pagar na segunda. Se necessário, cole etiquetas e poupe seu cérebro.

7)  - Tire uma fotografia visual da situação - Ao chegar á academia, por exemplo, faça uma imagem de você colocando a chave do carro dentro do bolso lateral da sua mochila. Assim, não vai perdê-la mais.

8)  - Escute músicas - Prefira aquelas que ouvia quando era adolescente e tente e recordar das letras. Isso é muito bom para estimular sua memória.


9 - Pratique atividade física - Isso é ótimo para a sua memória. Segundo o especialista em dor e neurocirurgião, Eduardo Barreto, exercícios de relaxamento e até mesmo os momentos de lazer influenciam no bom funcionamento da memória, pois reduzem o nível de estresse, que em excesso prejudica o equilíbrio químico do cérebro.


Fonte: Revista Shape  

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